Donde vens varonia manuseada pela necessidade de
uma donzela deleitosa e com donaire? E também o dela, aquele
querer feminil assasmente fiducial de um amante
forte, afetuoso e não alcoólico?
É a loucura segundo Erasmo que assim explica a opressão
física e moral que me visita assiduamente e até hoje só conjeturei a sua existência. Foi a loucura, enuncia o filósofo,
que compadecida com a
dificuldade de Júpiter em
controlar a intemperança
masculina lhe deu um conselho digno dela própria, a mulher. E Júpiter aceitou. Desde então, essas
amantes sensitivas procuram, e com direito, um resguardo másculo, alguém para
amar, o que não é tão aceitável assim são as condições que elas pretendem para
acasalar.
Espalham a sua presença
com a mão na gravata do Adão incrédulo, mas não fazem força, é tudo tão suave,
tão subtil, que o iludido ignora o sufoco que sente. Mais tarde, repara nos
danos causados na lança de liberdade. Elas partem-na. Dividem tudo, em partes
miudinhas, e nem provam para conhecer o seu valor. Partem-na tão subtilmente
que parece que sempre esteva partida. Partem-na quando saem para jantar, dançar
ou amar. Quebram aquilo de tal maneira, de mãozinha dada com beijinhos
evidentes e sorrisos comprometedores, que parece que os desejos másculos de
espaço aberto nunca passaram de borbulhas torpes e gordurosas de uma
adolescência passada.
Depois, está limpo! A
vida continua. O homem, coitado, quando nas noites de desentendimento acorda só
no mundo másculo recorre à prostituição, porque aí dele que mantenha contactos
físicos ou visuais com as suas antigas megeras.
Tudo serve para
apregoarem ao mundo a sua aquisição: “se é varão, manda ele e ela não, se é varela, ora manda ele ora manda ela,
se é varunca manda ela e ele
nunca.”
Recordo trocas corporais
que tive e se em algumas delas o encanto predomina outras há em que se mistura
um sadismo atroz. São pernas para lá, pernas para cá com uma medonha
necessidade de profanar o outro. O braço mete-se ali, o pescoço acolá e de
respiração acelerada falta o fôlego, o chão, a presença.
Os corpos rolam de um
lado para o outro. Tudo estorva, tudo falta. Nos olhos revirados vê-se um
desejo de acabar com aquele sufoco de prazer, onde ambos correm para a meta da
perfeição dos sentidos.
Soltam-se frases. Umas
pela pele, outras pelos olhos exortam, um ao outro, obscenidades tentando
transmitir a sua paixão.
E nesta necessidade
humana o casal delicia-se e envenena-se.
Ouvem-se, por vezes,
ensaios de solfejos com vozes femininas e violinos afinados a repreender a sujeição
a homens grosseiros e marxistas. Perdão digo machistas.
Pois é, o certo é que
vejo homens a lavar a louça e poucas mulheres a mudar pneus. Vejo homens a
tomar conta das suas crias, sem cabeleireiro nem manicura, mas não encontro
incenso feminino nas casas de pregos, rádios e pincéis.
O som dos violinos
permanece, desta vez a defender os direitos feminis e a condenar convénios
machistas, mas o que tenciono ajustar com as donzelas, não é o seu pensamento,
finalmente fora da cozinha, mas sim o seu toque subtil, sexual por certo, que
parte a lança de qualquer conde apaixonado. Não a lança lasciva, que essa lá vai funcionando em corpos desleixados e
partes por depilar, mas a outra, a outra que acelera o coração dos acordados
quando veem uma face bonita dentro dum corpo inteligente.
Oh ciúme. Senhor dos amatórios conservadores. Aparta do
barão e da sua baronesa os voluptuários
com todos os seus gozos morais e carnais.
Com a astúcia mal delineada criam deveres,
regras e condutas, no entanto, com um leve sorriso, mesclado com um olhar
inquisidor, na rua, bar ou chalé soltam braços masculinos sem licença da
vontade própria.
Sei porque escrevo sobre
esta visão, ciente da sua singular solução. Fico por aqui sem me importar
porque o jogo está prestes a começar.
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