Estamos com catorze minutos depois do
meio-dia neste dia das mentiras. Os ramos arvoram goticamente com os raios de
luz a emurchecer a roupa húmida nos estendais das casas nas ruelas. Este
processo natural de Abril leva à nova reorganização das coisas, as silvas
entrançam as flores, as nuvens encharcam o solo e os executivos empandeiram
efusivamente o trabalho.
Parece que sempre vou emigrar para a minha
infância sem deveres paternos nem criptogramas programados. A vida abre-se como
um lenço de papel, ampliados os meandros do conhecimento reconheço a dimensão
do mundo, atónito, rodopiante e seguro de que ao desobstruir o espírito para os
ventos imprecados de desejos consigo permanecer amistoso para as vicissitudes
que me chegam. Saio daqui andrajoso e regresso virtuoso, digo, começo a
escrever andrajoso e acabo virtuoso.
2006-04-01, 12:37:08 h, Oriental, Covilhã
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