Nódoas que caem na gente, vozes aturdidas
pela visão que salpica à sua volta, enfastia, degola e besunta as bordas das
chávenas de café que antes molharam os lábios ligados à face. Lábios que
sorriem, espirram, falam, estampam os tiques, cospem a areia da praia e soltam
fluidos vindos do interior ocupado pelo resto dos órgãos.
Castigo o ar quando o respiro, suprimo o
final das frases, projecto os pés cheios de sangue, cultivo as sementes dos
frutos que cuspo, mimo os bichos mais pequenos, invejo o Outono, pinto os muros
com sombras, memorizo toques e industriosamente ingemino pessoas.
Quero sair de mim e a carne não deixa,
mesmo desabafando meiguices trémulas. Simulo a retirada, penso com possessão e
já ia longe quando chamei por mim, perplexo com a minha má educação de
vadiamente levar comigo a consciência. Vendi-a sem querer, leiloei-a a baixo
preço e em troca, orçado com privilégio de um bom gestor, recebi dias de
sanidade, que num costume zonzo me levam para fora e para dentro da porta
ligada às paredes que habito.
Ainda vou jantar para amanhã salpicar os
passos com uma forte emanação.
Covilhã, Jardim, Ti Horácio, 2005, julho
16, 23:08:47 h
Sem comentários:
Enviar um comentário