A
mesa não tem mais de cinquenta centímetros de lado. Preta, com manchas embutidas
na superfície fria e lisa, tem sobre si uma pilha, guardanapos, um cinzeiro com
duas piriscas mortas, uma chávena vazia, tabaco, leitor de mp3 e umas mãos
ligadas ao caderno pela ponta que regista. O pôr-do-sol arrasta os corpos para
casa, à medida que a manhã de carnaval azula o branco dos montes que protegem
esta cidade de oito séculos.
O
centro permanece despido da azáfama semanal. A terça-feira gorda não impulsiona
devidamente o paladar a seu gosto e às onze horas e onze minutos procuro,
discretamente e com lirismo, reagir com a aragem fria e arredondar as vielas
para o sol dobrar a esquina com uma maior naturalidade.
2006-02-28,
11:15:28 h, Centro Cívico, Covilhã
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