Quero permanecer inalterável e os astros opõem-se.
Aperfeiçoo o andar, sarrabisco folhas, orno os braços e cifro os movimentos das gotas de tempo que escorrem pelo corpo abaixo.
Amanhã, depois de despertar, quero a vida no reabrir de olhos, quero a fome do acordar, a música da chuva nos telhados rotos e os pingos de água pela cara lavada no início do outono.
Entrouxado, nesta tarde de inverno, permaneço de cabeça inclinada sobre este papel que o dia enegrece. Limpo ando, seco sento-me, dobrado escrevo e surdo evito vozes cascalhadas das pústulas floridas.
O cérebro presente engendra um método próprio para que os dias passem com mais magnetismo.
O sol sobe e a noite vai-se, o sol desce e a noite eleva os seus ramos de luzes artificiais.
Alteradas as condições climatéricas do outono tardio, recebo o sol com mais custo, as constipações periódicas dos vírus nipónicos redobram o calor na fronte, no peito, nas mãos, mas não nos pés que começam a arrefecer.
2005, outubro, 11, Covilhã, 17:37:14 h
Sem comentários:
Enviar um comentário