Um poste moderno com um bonito candeeiro no
topo está parado no centro do pelourinho há mais tempo que eu. Embutido na
calçada e alinhado com o meu plano de visão mostra-se mais humano que nunca.
Remendo a possível falta deste santuário
com um momento de relaxe. O sangue circula elevando novos projectos, novas ruas
e novas salas com gente serena de tanta educação. Gostaria de parar com
movimentos competentes e enroscado na consciência encontrar outros gestos, diferentes
olhares para fora de casa. Procuro palavras para desenhar este momento, este
sentimento que me preenche e que desejoso pretende manter-me junto deste centro
citadino. Cafés a saírem das mãos dos empregados, clientes que trocam conversas
rápidas aceleradas pelo ponteiro nas duas, sacos de compras, cigarros a arder,
pernas traçadas e óculos escuros a tapar a força do verão outonal.
Daqui salto para uma cidade mais húmida,
com água em vez de montes e com movimentos mais contidos pelas exigências das
grandes aglomerações.
Por agora estou mais leve, a fortaleza de
bem-estar desmorona-se e surge a inquietação natural de quem tem muito que
fazer.
2005, setembro, 30, 14:05:41 h, Covilhã,
Verdinho
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