Difamam o desenvolvimento
do homem com os seus frutos a refrescar-lhes a pele – e depois dói e deixa
vestígio por dentro e por fora. São umas ingratas árvores de natal sempre a
dizer mal dos seus enfeites.
Para afastar o progresso,
acendem velas ao passado muito concentrados nos poderes de certas orações.
Há várias preces para as
diferentes descobertas: A guerra de nada serve; o aborto só por deus; a
clonagem é eugenia. Como se o inerente desejo do homem em zelar pela sua
linhagem não fosse lícito fora da banalidade. Como se ter um filho, igual ao
próprio, não pudesse ser concretizado sem fluidos e suores. Como se o elogio “é
a cara do pai” se desvanecesse, caso o progenitor recorra a frascos para criar um
ser humano.
O presente não é um
precipício porque o futuro existe.
Vorazmente, essas
ingratas árvores são embrulhadas na petrificação temporal dos homens, a doença
que só a morte leva. Leva e leva bem os velhos de espírito que deixam a sua
semente reacionária ao cuidado
de irresolutos sem capacidade de
conhecer ou e muito menos de compreender.
Eu vou. Percebi que só
evoluo se me desligar do que é caseiro, obsoleto, habitual e negativo.
Sinto um aperto cá dentro
quando ouço orações irrefletidas para fora. A preces deste tipo respondo com
uma que criei e prenúncio, em tom suave de elegia, no final de dissertações retrógradas:
Espero que tanto papismo não me tire dez anos de vida,
quando não existir aquele chip, que encaixa naquela máquina, que cura aquela
doença.
É uma falácia afirmarem
que o futuro é um precipício, um lugar intrincado
de calamidade e insucesso.
Quero afastar a imperícia
da sociedade em que estou mergulhado, quero parar ao ver na calçada estenderem
a farroupilha e quero também sentir o sol pela manhã, porque assim como me
regozijo, também me constipo, sangro e rejeito saindo tudo deste meu singular
peito.
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