Ando disposto em retas com o sorriso a
esquivar-se pela perpendicular. Respiro, espirro, sento-me direito, desprego os
pés e olho a Serra da Gardunha com o cenário-de-fundo a mudar a mando do vento.
Empurra as nuvens com uma lassidão tal que desvio os olhos para o gato pardo de
tanto comer. A menina que estuda ao fundo desta esplanada também se preocupa
com a aprendizagem. O barman que recolhe a grade de cerveja também se preocupa
com a máquina do café.
Nestas tardes, em que a Covilhã pára à
espera que as nuvens destapem o sol, gosto de relaxar os ossos nos sítios
descolados de transeuntes. A esplanada dos Leões da Floresta está em reparação,
por agora só o cimento da cor do cimento assenta nestes quarenta metros
quadrados de sol e sombra. As três árvores, que agora são só duas, desenham o
chão durante toda a tarde sem que este fique marcado.
A árvore cortada não pode desaparecer
ainda, mesmo à minha frente ela já lá não está. Dois cedros sem filhos à mostra
defendem agora este chão que gostaria de ver de granito para condizer com as
paredes altas e este muro baixo.
Ando por aqui preso a este mundo e de todos
os lugares escolho este, certo que daqui para a frente os degraus que vou subir
estarão mais firmes para que ninguém neles tropece.
Subir, descer, tomar café e voltar. Ando
nisto se bem me lembro para sempre e parece que o globo se amplia desejoso de
se mostrar a estes meus olhos redondos. Redondinhos para não pararem nos
entalhes das estradas que nos levam para fora.
2005, Março, 30, 15:43:05 h, Leões da
Floresta, Covilhã.
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