Deverá algures, perdido por falta de
cuidado, um exemplo bem contado que exprima a neurologia deste estado. A cabeça
quieta, as mãos em movimentos dispares e as pernas sobrepostas.
Só, fico para dentro com tendência para
fazer de mim o centro do desconhecido. Vulgarmente não escrevo, quando me sinto
tão completo, mas a minha hombridade diz que não é correto. Então como se vai
saber o que se passa num homem que sentado no café analisa aquilo que é? Cheio
de vida, cheio de desejo e de funções inconstantes.
Vai saltar-vos a tampa com esta história
que ainda me ataranta.
- A minha vida é uma função constante.
- Y igual a três?
- Entre três e quatro!
- Pois a minha é um cosseno e de período
bem pequeno.
Está tudo definido, mas nem tudo é
permitido. Vejamos se me explico para melhor entenderem as pessoas deste tipo.
Parei neste diálogo, cheiinho como estava, no topo do meu cosseno e ouvi um conhecido
afirmar num tom frívolo:
- A minha vida é uma função constante!
Não queria aquela lucidez, em mim ressacado
como estava, o que fiz foi reparar no seu olhar que precisava de acordar e
lembrei-me por acaso: “ O homem tem o dever de distinguir-se dos outros.” –
Iluminismo – “ Criar o seu próprio estilo.” – século XVIII.
Se as contas forem bem feitas verão que as
coisas não andam assim tão direitas. Trezentos anos para chegar e quando
misturo isto com ideias transpostas lançam-me com a beleza interior que a
afirmam ser bastante superior.
E quem diz que é verdade? Quem acredita que
uma casa mal pintada está por dentro bem arrumada? Querem dizer-me que os olhos
tristes, com desagrado em olhar, têm dentro uma grande capacidade de amar? E o
amor onde está se não o vejo nos seus rostos? Estará numa perna, numa virilha
ou em qualquer sítio bem tapado? Tapado por quem? Pelo dono desgraçado? Quem
tapa uma rosa, quem disfarça um sorriso ou quem esconde o seu amor? Para mim é
quem não ama.
Quem não aquece em seu redor, não merece o
meu calor.
22 de Maio de 2004, 23:10:43 h, Gato Preto,
Aveiro.
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