O interior desfalece indiferente às casas
construídas de novo e à Serra da Estrela coberta de branco. Neste café arejado,
a ouvir música da época e o desporto do dia, sou contagiado pelo abanar das
ancas das três pessoas que não ficam em casa por ordem da hora de jantar.
Por dentro o Universo roda noutro sentido.
Ainda que tilintem em barítono, que pespeguem escopetas e encarapucem a
tiracolo, não impedem estes dedos de escorregar, por entre largos campos de
papel, como duas crianças a enxovalhar um balão que arisco percorre toda a sala
empurrado pelos gritos que incomodam.
Os locais permanecem mas o ar que antes
circulava neste campo de visão diluiu-se, no amplo espaço que agora constitui o
meu território.
Preciso de novos enredos, humanos ou
metálicos ou argumentados, sem perder este presente enguiçado que enlatado na
mudança esgadelhada, escalavrada, fica pronto pelo ócio do excesso de horas na
vida. Se não me modero corro o risco de me congelar e empoeirar o que já fiz.
Utilizando esta fuga à realidade, que
nestas ruas me reportam para outras passagens, gostava de salientar que aceito
a vida com algumas mudanças de humor. A outra forma antes conhecida era uma
passagem demasiado larga para transmitir a sua entrada.
O sumo sai do fruto e a força empregue para
a separação sai das minhas mãos birrentas açucaradas e coladas ao escorredor.
2006, fevereiro, 27, 20:29:32 h, Covilhã,
Oriental, Carnaval.
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