sábado, 12 de janeiro de 2019

Da província ao litoral – Incompleto Organismo de Heleno Pinhal


Um poste moderno com um bonito candeeiro no topo está parado no centro do pelourinho há mais tempo que eu. Embutido na calçada e alinhado com o meu plano de visão mostra-se mais humano que nunca.
Remendo a possível falta deste santuário com um momento de relaxe. O sangue circula elevando novos projectos, novas ruas e novas salas com gente serena de tanta educação. Gostaria de parar com movimentos competentes e enroscado na consciência encontrar outros gestos, diferentes olhares para fora de casa. Procuro palavras para desenhar este momento, este sentimento que me preenche e que desejoso pretende manter-me junto deste centro citadino. Cafés a saírem das mãos dos empregados, clientes que trocam conversas rápidas aceleradas pelo ponteiro nas duas, sacos de compras, cigarros a arder, pernas traçadas e óculos escuros a tapar a força do verão outonal.
Daqui salto para uma cidade mais húmida, com água em vez de montes e com movimentos mais contidos pelas exigências das grandes aglomerações.
Por agora estou mais leve, a fortaleza de bem-estar desmorona-se e surge a inquietação natural de quem tem muito que fazer.
2005, setembro, 30, 14:05:41 h, Covilhã, Verdinho

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