segunda-feira, 26 de novembro de 2018

XXI. Luzes desabridas - Covilhã Viperina


Acordo porque suo separado no chão a olhar três luzes, luzes simples sem nada para analisar. Elas lá estão também a olhar para mim com um brilho meio fosco. Dirijo atenção só a uma, depois a outra e já enfadado indago a última. Procuro uma quarta mas não há. 

Giro os olhos e observo atentamente duas delas, flutuam dessincronizadas, mas é tão grande a parecença entre as duas que entorpecido junto as três no meu campo de visão. 

Estou assim algum tempo, o meu pensar não foge muito daquilo. Começo por fazer o que quero que é o que sempre faço quando não tenho nada para fazer. 

Invento algumas histórias com mais luzes pelo meio, caso-as, descaso-as e afasto-as por um tempo para que umas reconheçam a importância das outras.

Desejo que as cores e a frequência das suas luzes se agitem e confronto o quadro inerte. Acendo por dentro, fico aceso quando penso que sou outra luz e não me consigo ver, parece que a importância está toda talhada nas outras e quase me convenço que tenho de estar sempre a olhar para elas. 

Idealizo novas vidas e prontifico-me para as ajudar, mas nunca quis apagar nenhuma delas.
2003, Outubro, 01. Covilhã, 13:15

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