terça-feira, 30 de abril de 2019

Comenos XII - Recompensa tardia - Comenos Helenísticos Heleno Pinhal 2003


Há tempo que esperava a minha sociedade. Procurei isso durante longos anos, agora desamparei essa intenção. Transformei-a numa pequena lembrança que embora presente já não magoa como outrora.
Aconteceu por duas vezes em dois dias. Um sonho libidinoso e outro social. Apareceram à socapa como se já não fossem desejados.
Vi-os passar, deixando as suas marcas aconchegando-me ainda mais a mim mesmo. É diferente! Como se não passasse de apetrecho de mim sei lá.
Algo que adquiri porque pedi! Pedi para compreender o estranho sabor que sinto quando lanço o proveio dos meus dias sem hábitos regulares de existência e nada vejo. Não vejo a gota de chuva que brota da semente, nem o sol que a ilumina.
Eu nessa escuridão aprendi a ver. Esfreguei três ou quatro pedras, já não sei ao certo, e pouco a pouco a luz apareceu. Agora já não se apaga mais, disso tenho a certeza, porque o carvão que a mantém é meu, recolhi-o todo durante estes anos passados.
Engraçado, que não precisando agora de mais carvão, oferecem-mo como se intencionalmente já soubessem que não preciso, mas que o tenho para oferecer.
Está bem, eu dou um pouco, mas depois fico à espera. Saber esperar é importante.
Recolho rapidamente estas duas moedas, antes que este encómio se quebrasse.

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